O que acontece quando você junta um grupo de personagens sem nada em comum, mistura com histórias carregadas de tragédia e os coloca em uma missão que começa como uma vingança pessoal e se transforma em uma batalha para evitar o apocalipse? Você tem a essência de uma verdadeira aventura em Dungeons & Dragons.
Eu já tive o filme Dungeons & Dragons: O Poder Maior em VHS, lembro de ter adquirido ele em uma locadora que tinha aqui no bairro quando estava em encerramento de suas atividades. Confesso que demorei para assistir ao novo filme, mas finalmente o assisti através de um aplicativo de streaming.
Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes é a quarta adaptação do RPG mais famoso do mundo para o cinema que enfrentou anos de atrasos por questões de direitos autorais entre a Hasbro e alguns estúdios, mas foi lançado em 2023 como um reboot da franquia Dungeons & Dragons.
A primeira adaptação foi Dungeons & Dragons: A Aventura Começa Agora (2000), seguido da segunda adaptação chamada Dungeons & Dragons: O Poder Maior (2005) e lançado direto para DVD, a terceira adaptação Dungeons & Dragons 3: The Book of Vile Darkness (2012) não possui título em português (Brasil) e não lembro de ter assistido essa terceira edição.
Enfim, em Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes, o desafio é levar para o cinema o espírito de um jogo que cativa jogadores há quase meio século — uma missão ousada, especialmente diante dos tropeços de adaptações passadas.
Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes é dirigido por Jonathan Goldstein e John Francis Daley. O roteiro foi escrito por Michael Gilio, com a história criada por Chris McKay e Michael Gilio.
Chris Pine (Mulher-Maravilha) lidera o grupo como Edgin, o Bardo, um ex-espião viúvo que se tornou ladrão. Após a morte de sua esposa, Edgin se une à Bárbara Holga (Michelle Rodriguez) e mergulha no crime para sustentar sua filha. O grupo se amplia com Simon, o Feiticeiro (Justice Smith), e Forge, o Ladino (Hugh Grant), mas o último golpe dá errado, e Edgin e Holga acabam presos por ‘grande furto e malandragem’. A amizade entre Edgin e Holga transparece imediatamente na tela. Apesar das diferenças de personalidade, a química entre os dois é evidente desde o início, revelando uma dinâmica simbiótica que cativa o público.
Após escaparem dois anos depois, Edgin e Holga descobrem que Forge os traiu, alienou a filha de Edgin e agora usa seu novo poder político como Lorde de Neverdeep para enriquecer à custa dos outros. Determinados a derrubar Forge e reconquistar a filha de Edgin, a dupla reúne antigos e novos aliados, incluindo Doric, a Druida (Sophia Lillis), e Xenk Yendar, o Paladino (Regé-Jean Page). Honra Entre Rebeldes é uma história clássica de um grupo de desajustados adoráveis se unindo para cumprir uma missão. Com a família como tema central, como em muitas campanhas de D&D, vemos os personagens colaborando para fortalecer uns aos outros e compensar suas fraquezas.
O filme apresenta rapidamente os personagens principais, suas histórias e motivações nos primeiros 30 minutos de duração, garantindo tempo suficiente para o desenvolvimento contínuo à medida que novos personagens são introduzidos e a trama principal se desenrola.
A narrativa mantém um ritmo ágil: assim que o público começa a se familiarizar com um local ou objetivo, o grupo já está pronto para seguir adiante. Para os fãs do jogo de mesa, os constantes avanços na trama – com novos objetivos surgindo logo à frente – imitam o ritmo de uma campanha, mas sem a interação dos jogadores sobre o que pode estar atrás de uma porta trancada ou deixar as os personagens indecisos sobre qual ação tomar em uma determinada situação dando mais agilidade e ação na história.
Os fãs de Dungeons & Dragons encontrarão o filme repleto de referências, desde alusões óbvias a personagens e locais icônicos até homenagens mais sutis, como a presença do grupo do desenho animado de D&D dos anos 1980. É nesse entendimento do material original que o filme encontra grande parte de seu humor natural. Piadas sobre regras arbitrárias de magias, planos que dão errado devido a efeitos mágicos imprevisíveis e a comédia inerente aos arquétipos das classes dos personagens são um verdadeiro deleite. Essas referências enriquecem a experiência dos jogadores, mas cada piada também se sustenta para quem busca apenas uma aventura de alta fantasia.
Para quem nunca teve contato com o jogo Dungeons & Dragons ou seu universo, o filme funciona como uma ótima ‘Sessão da Tarde’. Ele é divertido e, por seu contexto de fantasia, entretém o público com as vestimentas e o ambiente da era medieval fictícia. Eu mesmo assisti ao filme com uma pessoa que conhecia o desenho Caverna do Dragão (1983), mas nunca jogou RPG, e ela também se divertiu bastante.
Em certas cenas do filme, tentei descrevê-las como se fossem ações dentro de uma sessão de RPG, explicando a narração da situação, os pensamentos e as ações dos jogadores, a rolagem de dados e o resultado final. Isso enquanto assistíamos ao filme, e ela conseguiu entender perfeitamente a dinâmica de uma sessão de RPG. Isso me chamou a atenção, pois foi interessante ver como o filme consegue traduzir a cena para algo semelhante a uma rodada em uma mesa de RPG.
Honra Entre Rebeldes faz um trabalho incrível ao dar vida ao mundo de Dungeons & Dragons. O filme apresenta tundras congeladas e desoladas, além de metrópoles movimentadas, repletas de diferentes raças. Embora haja alguns momentos com efeitos visuais questionáveis, o restante dos efeitos especiais é impressionante, especialmente ao mostrar as criaturas mais peculiares do universo de D&D, como os Pantera Deslocadora (Displacer Beasts), Cubo Gelatinoso (Gelatinous Cube), Mímico (Mimic) e os Devoradores de Intelecto (Intellect Devourers).
Como fã de Dungeons & Dragons, tive uma experiência agradável assistindo a este filme. Mesmo que não fosse, acredito que o ritmo ágil da história, o mundo de fantasia deslumbrante e as piadas sempre certeiras ainda me deixariam rindo alto no sofá. Se você é fã de filmes de fantasia, reserve um tempo para ver este no cinema.
Já assistiu à Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes? Deixe nos comentários o que achou do filme.
